Já passava das 16h20, hora prevista, quando Telma Monteiro, judoca olímpica portuguesa, e Andreia Vale, jornalista, subiram ao palco: uma conversa que foi recebida com sorrisos e que teve como foco o sentido de responsabilidade dos atletas.
Sobre a integridade no desporto, Telma concluiu ser o valor que mais deveria estar enraizado na conduta de qualquer desportista: “Não podemos querer vencer a qualquer custo. A integridade tem de ser a base de qualquer atleta.” Ainda que o conceito de integridade seja único, considera que as interpretações que dele podem surgir são várias: “Talvez algumas pessoas tenham um conceito diferente de integridade. Às vezes as nossas ações não correspondem ao real conceito de integridade: podemos pensar que estamos a ir no bom caminho, mas não estamos porque apenas estamos a pensar no sucesso”, concluiu Telma. Pela sua experiência, na fome de vencer o sentido de compromisso para com uma prática desportiva transparente pode não ser claro: “Por vezes, os atletas podem-se sentir coagidos a seguir um caminho que por vezes não é íntegro para alcançar o sucesso.”
O tópico da importância da afirmação dos atletas, como ponte para o modo como lidam com a intensidade da carreira, foi igualmente abordado: “Os atletas são os primeiros a sentir se algo não está normal no escritório: nós representamos um sistema, e se este não funciona, vai refletir-se na nossa performance e na nossa saúde mental. Todos aqueles que trabalham com os atletas fazem parte da equipa, ainda que nós, atletas, acabemos por sentir mais as consequências das ações de todo o grupo.”
Numa frase que significa para lá das palavras que a compõem, Telma deixa a garantia: “Os atletas têm voz: eu estou aqui. Durante a nossa carreira temos de tomar decisões que podem mudar a nossa vida, e cada decisão que tomamos pode trazer consequências para a nossa carreira. Mas é muito importante darmos a nossa opinião, porque senão as pessoas não sabem o que se passa.” A igualdade de géneros e a representatividade das mulheres no desporto não passou ao lado, e foi ao ser questionada “É mais difícil por seres mulher?” que Telma respondeu: “Sim, porque eu quero que ouçam a minha mensagem sem pensarem que é uma mulher que está a falar. Quero que esqueçam que sou uma mulher.”
Da esquerda para a direita, Telma Monteiro, judoca olímpica portuguesa, e Andreia Vale, jornalista.
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