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  • Foto do escritorInês Galrito

Procuram-se aliados para uma vitória necessária

Juntos podemos criar um desporto onde todos os atletas se sintam seguros e incluídos”. Esta foi a mensagem de Hudson Taylor, fundador da Athlete Ally, ontem, no último dia da 3ª edição da Sport Integrity Week. O testemunho foi curto, mas preciso na dualidade da palavra. “O que é a Athlete Ally?” foi a questão que me ficou. Na impossibilidade de correr porta fora atrás de Hudson para saciar a minha curiosidade - dado que se juntou à conferência à distância -, embarquei numa pesquisa para conhecer a fundo a história que o testemunho ligeiramente descobriu.


Victory Through Unity” (em português, ‘Vitória Através da União’). Este é o lema da Athlete Ally, uma organização sem fins lucrativos que luta por um futuro em que o desporto recebe de braços abertos todos aqueles que com ele quiserem vibrar. A missão é clara: irradicar a discriminação sexual no desporto. Dito assim, parece fácil: basta ter-se respeito. Mas, no seio de uma sociedade em que a inclusão é ainda uma quimera, o desporto é uma das áreas em que fazer as multidões rumar num só sentido é a tarefa de milhões. Por isto a Athlete Ally age: “A nossa missão é acabar com a homofobia e a transfobia na indústria desportiva e incentivar a comunidade desportiva a exercer a sua liderança no rumo para a igualdade LGBTQI+.”


O logo da organização sem fins lucrativos, Athlete Ally. Fonte: Athlete Ally


Foi na mente de Hudson Taylor que a ideia surgiu: foi tricampeão de wrestling na Universidade de Maryland, e foi ao caminhar para os últimos anos do curso que subiu ao pódio, ocupando o 2º lugar nacional. Mas Hudson tinha outra paixão fora do ringue, o teatro. E foi na ponte entre os dois mundos que se apercebeu da fossa que separava duas realidades distintas: no teatro, amigos assumiam a sua sexualidade sem qualquer problema; no mundo do desporto, ações homofóbicas e machistas eram sistémicas. Para apoiar a comunidade LGBTQ e confrontar aqueles que a marginalizavam na indústria desportiva, decidiu usar um autocolante relativo à defesa da igualdade no capacete. Este pequeno acessório foi um grande passo, e num pestanejar a sua caixa de correio entupiu com centenas de mensagens de órgãos de comunicação social e de atletas que o apoiaram. Um lutador não vira as costas a um confronto, e foi assim que se comprometeu a não desistir. Afinal de contas, “if he could achieve that impact as a wrestler, in a sport that isn’t the most popular, what if he had been a football player, a team, or an entire league” (em português, ‘se ele foi capaz de atingir tal impacto enquanto wrestler, um desporto que não é dos mais populares, o que aconteceria se tivesse sido com um jogador de futebol, uma equipa, uma liga inteira’), lê-se no site da organização.


Hudson Taylor na 3ª edição da Sport Integrity Week, na NOVA School of Business & Economics.


Motivados pela sede de mudança, a Athlete Ally luta por um presente em que todos têm iguais acessos, oportunidades e experiências no desporto, independentemente da sua orientação sexual, identidade ou expressão de género. Educar, alterar as políticas desportivas e defender os direitos da comunidade LGBTQI+, estas são as três frentes em que atuam: “Trazemos educação sobre esta temática a quem precisa. Treinamos atletas da NBA e temos recursos online.”, afirmou Taylor. O ativismo desportivo resulta através do Programa de Embaixadores e das inúmeras plataformas geradas tendo em vista o empoderamento das vozes dos atletas e das instituições desportivas em defesa dos direitos LGBTQI+, ao mesmo tempo que trabalham de perto com várias associações, como a NCAA, de forma a garantir que a indústria desportiva assegura a inclusão. Como exemplo, criado em 2017 e atualizado em 2019, o Índice de Igualdade Atlética mede as políticas e práticas para a inclusão LGBT no desporto colegial. Este relatório providencia uma análise de como as instituições agregadas à NCAA apoiam os seus estudantes, atletas, treinadores, funcionários e fãs pertencentes à comunidade. Para além disso, são parceiros de várias equipas de grandes cidades como Nova Iorque, Seattle e Washington D.C., nas quais dão energia às ‘Pride Nights’ (em português, as ‘Noites do Orgulho’), com o intuito de promover a conscientização da problemática da inclusão. A par do delineamento da ação, celebrar os marcos alcançados é também necessário. Assim, foram criados os Action Awards, os prémios que fazem ações pioneiras na luta contra a discriminação sexual brilhar. Aqui, o trabalho de instituições dedicadas, que tem ajudado a contribuir para o nascimento de uma nova era do ativismo atlético, é destacado sob o holofote.


Ao fim de 11 anos, estão “orgulhosos de todo o trabalho realizado para criar ambientes desportivos inclusivos à comunidade LGBTQI+, e de todos os esforços para mobilizar atletas, equipas e ligas a usarem a sua plataforma para alcançar a igualdade”. Falamos de passos que se tornaram conquistas e de batalhas que terminaram vitoriosas: lideraram a campanha #WomenInFIFA, angariando mais de 150 atletas olímpicos e profissionais para o apelo à FIFA para que aumentasse a representação feminina no futebol; trabalharam com a NBA (Associação de Basquetebol Nacional), a NCAA (Associação Atlética Colegial Nacional) e a ACC (Conferência da Costa Atlântica) na tomada de decisões do realojamento das suas competições para fora da Carolina do Norte após o surgimento da lei HB2 contra os direitos da comunidade LGBTQ; e criaram a campanha intitulada de ‘Principle 6’ com o intuito de dinfudir o princípio olímpico contra a discriminação celebrando-o, e de denunciar as leis russas contra a homossexualidade antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, na Rússia.


Imagem publicitária da campanha "Principle 6". Fonte: Athlete Ally


Para o fundador e diretor executivo Hudson Taylor, “o desporto tem o poder de mudar o mundo, especialmente de incluir a comunidade LGBT.” Esta organização continuará a lutar até desmantelar, por completo, os sistemas de opressão no desporto responsáveis por isolar e excluir a comunidade LGBTQI+. Aqui, o apoio de todos é necessário. Se quer apoiar esta iniciativa, conheça as várias petições que pode assinar: https://www.athleteally.org/actions/


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